sábado, 5 de julho de 2008


sinopse
Para encenar o solilóquio A Noite Mesmo Antes das Florestas, de Bernard-Marie Koltès, convidámos Miguel Loureiro, que já participara enquanto actor num espectáculo concebido com base nesse texto, encenado por Álvaro Correia. A aproximação ao universo kolteseano extravasou o texto A Noite... e, depois de residências em Montemor-o-Velho e Paris, a síntese de textos progressivamente definida para o espectáculo passou a ser designada Nicarágua Prologue.


texto Bernard-Marie Koltès encenação Miguel Loureiro com Jorge Andrade cenografia José Capela luz João d’Almeida fotografia e vídeo Susana Paiva cartaz (para a Casa Os Dias da Água) Suzana Vaz no vídeo Bruno Simão nas fotografias John Romão, Pedro Carmo, Tiago Guedes, Vasco Diogo voz Dulce Rodrigues em co-produção com Citemor Festival Internacional de Teatro de Montemor-o-Velho e Casa Os Dias Da Água apresentações Citemor (Montemor-o-Velho), Lisboa



1 A mala voadora convidou Miguel Loureiro para encenar o solilóquio A Noite Mesmo Antes das Florestas, da autoria de Bernard-Marie Koltès. Miguel Loureiro já participara enquanto actor num espectáculo concebido com base nesse texto, encenado por Álvaro Correia. Foi-lhe proposto, portanto, regressar ao texto desempenhando outra função.
2 As primeiras sessões de trabalho decorreram na sala de uma casa. Inicialmente centradas apenas no texto, elas começaram em torno de uma mesa, iluminada por um candeeiro, ponto de partida e de retorno para as diversas excursões físicas/cénicas/dramatúrgicas do(s) actor(es) que, progressivamente, se ampliaram pelo espaço. Este processo foi literalmente adoptada como estrutura do espectáculo.
3 A aproximação ao universo kolteseano extravasou o texto A Noite..... A síntese de textos progressivamente definida para o espectáculo passou a ser designada Nicarágua Prologue, instruída por um tempo de residência em Paris.
4 Neste projecto, o Citemor – Festival Internacional de Teatro de Montemor-o-Velho – juntou-se, enquanto co-produtor, à mala voadora. E durante os vários períodos de residência na vila, Nicarágua Prologue foi configurado para ocupar o interior dos muros da Sala B, a céu aberto, no Verão; para co-habitar com as plantas daninhas que haviam brotado das fissuras do seu pavimento; para utilizar na cena objectos resultantes da seriação e da re-combinação dos despojos ali acumulados.
5 Sendo um site-specific, para ser apresentado na Casa Os Dias da Água o espectáculo foi transportado como se de um souvenir se tratasse.

fotografias de Susana Paiva








texto de Miguel Loureiro
Este é um espectáculo sobre os meses de Junho e Julho. Foi durante este tempo que o elaborámos. Se aos vocábulos, gramáticas ou outra qualquer ganga da nomenclatura dramatúrgica lhe opusermos o fenómeno da cena, então é clara a nossa inclinação por este último. Se a cena se constrói por temperaturas, por aragens, por dobras ou consolos, então parecem-nos os meses escolhidos os mais apropriados para esta tarefa. Num texto podemos encontrar tudo o que quisermos, e quase sempre o que queremos é tão só habitá-lo, abusar dele, abandoná-lo… esperar que o eco faça o seu trabalho, nesta casa sem tecto do mês de Julho, num quarto que construímos para nós, que seja só nosso… ah! sim, o texto pertence a Koltès, mas se escutarmos melhor poderá bem ser Racine, Rabelais, Gautier… as you like it!


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